O tom era de nostalgia e elegância. Isto, se sentia, se
percebia pelo palco, pela cantora, pelo repertório, pela plateia, até.
Calma que já me explico.
Já vou falando do
show da cubana feita brasileira, Marina de La Riva, em homenagem ao centenário
do cantor (e poeta) baiano, Dorival Caymmi.
Começando a história da elegância, aí também, ela era, sem
dúvida, a protagonista. Além da noite, além do show, mas dividindo o papel
principal, no caso da música, com Caymmi. Nada ‘modernete’, contemporânea, ‘indie’
ou signo que o valha. Não. Charmosa e elegantemente longa e perolada.
O quinteto que a acompanhava, aprendi em leituras posteriores,
apresentava uma formação regional tradicional antiga, que dominava o
cenário musical de então.
O cenário, simulando velas de saveiros ao fundo, nos levava
ao mar. E o mar, bem, brasileiros que somos, o mar a Caymmi, sempre.
O público. Bom, o público admito ser conexão e inferência.
As ondas levaram longe a cena indie, frequentadora dos SESC da vida (da qual
não me excluo, desafortunadamente). Composto majoritariamente por senhores e
senhoras (dois quais também não me excluo, orgulhosamente), cheios de
dignidade, nós, o público, embarcamos, todos, mar adentro!
E como me acontece com frequência considerável, a música, a
certa altura, conversou com meu estado de espírito, que, ultimamente anda
fluente no idioma da saudade.
“Ai ‘sodade’ matadeira
Quando
eu caço e que não acho
Meu
benzinho em minha beira…”
Roteirizando o show por suas conexões emotivas do repertório
Caymmi e escolhas suas latinas, pelos significados das canções que em sua
infância desaguavam, Marina de La Riva nos deixa entrever, na música, suas raízes
cubanas. O repertório latino/conexão, os arranjos, a levada, a toada,.
Cubana, mas brasileiramente, entendeu?
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