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domingo, 18 de maio de 2014

traduzindo uma identidade


“O queijo é uma cerimônia. Tem que estar no café da manhã, no almoço e na ‘janta’.” Esta dimensão ritualística, dada a um simples componente de nossa cultura é um dos muitos ingredientes desta receita rica e saborosa  que define a identidade mineira.

 Assim, simplesmente apresentando esta citação, nas primeiras paredes da primeira sala, uma exposição  do Centro de Arte Popular da Cemig, em Belo Horizonte, me conquistou.  Nos definindo pelo tratamento dado a este pedaço forte de nossa cozinha, de nossa receptividade, de nosso afeto, de nossa  cultura, enfim.  

Parte do acervo permanente do centro, esta citação, dando ao queijo um sentido de cerimônia,  junto a outras características e traços culturais,  rastreia as raízes da formação da identidade mineira. Entre panelas de pedra, fogão à lenha, teares, bordados, esculturas, cerâmica, carrancas, oratórios; entre Araxá, Serro e Canastra, vemos muitos instrumentos da mineiridade e a história bem acabada de hábitos feitos cultura, com ‘jeitim’!

Funcionando em prédio histórico, pertim’ da Praça da Liberdade, o espaço que, por si, vale a visita apresenta 800 peças, em acervo rico e interessante, produzidas em diversas regiões do estado, como Vale do Jequitinhonha, Araxá, Ouro Preto, Prados, entre muitas outras, todas muito bem contextualizadas e ligadas pelo que apresentam de comum:  são arte popular, resultado, muitas vezes, de processos concretos da vida social. São artistas que traduzem o universo em que vivem no barro, na madeira, no bordado.

Através da exposição de arte popular de todo canto de Minas, a mostra bem explica o ser mineiro, nas entrelinhas. São a cozinha, os festejos devocionais, o tear, privilegiando a riqueza e a criatividade de manifestações culturais populares, explicando quem somos, colocando legenda em nossas atitudes e nos traduzindo pela alma.

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