“O queijo é uma cerimônia. Tem que estar no café da manhã,
no almoço e na ‘janta’.” Esta dimensão ritualística, dada a um simples
componente de nossa cultura é um dos muitos ingredientes desta receita rica e
saborosa que define a identidade
mineira.
Assim, simplesmente apresentando
esta citação, nas primeiras paredes da primeira sala, uma exposição do Centro de Arte Popular da Cemig, em Belo
Horizonte, me conquistou. Nos definindo
pelo tratamento dado a este pedaço forte de nossa cozinha, de nossa receptividade,
de nosso afeto, de nossa cultura, enfim.
Parte do acervo permanente do centro, esta citação, dando ao
queijo um sentido de cerimônia, junto a
outras características e traços culturais, rastreia as raízes da formação da identidade
mineira. Entre panelas de pedra, fogão à lenha, teares,
bordados, esculturas, cerâmica, carrancas, oratórios; entre Araxá, Serro e
Canastra, vemos muitos instrumentos da mineiridade e a história bem acabada de
hábitos feitos cultura, com ‘jeitim’!
Funcionando em prédio histórico, pertim’ da Praça da
Liberdade, o espaço que, por si, vale a visita apresenta 800 peças, em acervo
rico e interessante, produzidas em diversas regiões do estado, como Vale do
Jequitinhonha, Araxá, Ouro Preto, Prados, entre muitas outras, todas muito bem
contextualizadas e ligadas pelo que apresentam de comum: são arte popular, resultado, muitas vezes, de
processos concretos da vida social. São artistas que traduzem o universo em que
vivem no barro, na madeira, no bordado.
Através da exposição de arte popular de todo canto de Minas,
a mostra bem explica o ser mineiro, nas entrelinhas. São a cozinha, os festejos
devocionais, o tear, privilegiando a riqueza e a criatividade de manifestações
culturais populares, explicando quem somos, colocando legenda em nossas
atitudes e nos traduzindo pela alma.
Programa bom "demais da conta".
ResponderExcluirMárcia