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domingo, 8 de junho de 2014

memória afetiva



Crachá FOODEX - Japão
Hoje, a greve do metrô me trouxe para casa cedo. Em plena quinta feira. Não teve SESC, nem Cinema, nem Teatro, nem Pedrão. Teve eu, virginiana, minha casa quaaaaaaaase toda arrumadinha (trabalho de dois dias), faltando pouco ‘pr’acabar’, umas latinhas de cerveja na geladeira e um tantão de CD que ainda não coloquei na pilha principal, na sala, ao lado do som, desde o acidente (meu divisor de águas - tudo em minha vida é antes e depois do acidente).

Pois, cheguei em casa e tive a brilhante idéia de somar os itens desta equação. Assim,coloquei uma
Tanta Cássia era...
cervejinha no congelador, liguei o som e fui para o quarto arrumar meu guarda roupas gigante, intocado desde não sei que milênio (acho que desde antes do acidente  ) Cervejinha em punho, resolvi primeiro farejar minha pilha de cds abandonados. E descobri, primeiro, que eu era mais fã de Cássia Eller que eu imaginava. Achei uma pilha só dela. E aí, resolvi aderir à minha paixão antiga e fiz dela trilha sonora para minhas arrumações de guardados quarto afora.

E fui! Guarda roupas adentro, descobertas me embalaram a noite home alone.
Eu não me lembrava que já fui ao Japão. Sim, já haviam me contado, mas eu, tsc, tsc, nada! Não que eu tenha me lembrado, não... Mas vasculhando e escavando as profundezas do meu guarda roupas encontrei uma evidência. Meu crachá na Foodex, feira de alimentos a que fui, representando a Mais Indústria de Alimentos, enviada pela queridíssima amiga Nádia Moreira. Será que este troço em japonês é meu nome ou é exportadora de sucos ou é Mais Indústria de Alimentos? Bom, não sei, só sei que fiquei feliz de me ver ali.

Deixando a virginiana, aliada à curiosa, me guiar, encontrei outro pedaço de mim. Este me fez chorar.
Nas linhas e entrelinhas, afeto...
Encontrei uma pastinha com as cartinhas que minha mãe recebeu quando eu estava no hospital. A pessoa, de quem todas aquelas palavras, poesias, músicas, mensagens fala, sou eu. E me emociona muito não só o carinho ali exposto, mas o fato de eu estar aqui VIVINHA pra contar a história (nem tanto porque não lembro!).
 Por fim e por último, encontrei alguns meus atestados do período que voltei para SP, um ano pós acidente. Falam de fraturas, traumas, lesão gravíssima, déficit mental acentuado, déficit cerebral, falta de memorização, dificuldade de assimilar novas informações, dificuldade de marcha e de equilíbrio.

E aí, querendo chorar, dei um sorriso grande dentro do peito. Foi, mas acabou. Eu sofri, mas não me lembro e estou (ainda) recuperando e aprendendo ao passo e ao dia. Quase budista, vou aprendendo na carne a existência de algo maior que nós, que dê sentido a esta coisa enorme que é a vida. Vou aprendendo que a idade vai nos trazendo sabedoria e percebemos que não temos necessidade de negar o que não compreendemos.


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