Já andei, por estas páginas, desdizendo a astrologia, as
leis que regem seus signos, suas regras e (im)possíveis efeitos. No entanto, sigo me repetindo, em ostensivo
paradoxo, que por coincidência absoluta, que nem os astros explicam, tudo o que
dizem da virginiana, sou eu!
Uma, entre o sem número de regras a que me submeto,
prazerosamente, há que se frisar, é o cuidado e atenção com o corpo e a saúde.
Faço ginástica, com gosto, todos os dias e me alimento desmedidamente bem. Medidamente,
quer dizer, seguindo todas as receitas orientadas por publicações que fazem
apologia à vida saudável e correta (nutricionalmente falando, há que frisar!).
Três frutas por dia, três legumes ou verduras, no mínimo, carne branca a metade
da semana, 2 a 3 litros de água por dia,
integrais cereais e outros maltes (inclua-se aí a cevada, claro!).
O prazer ritualístico do café depois do almoço entre nesta
dança saudável e sempre me fez esnobar desdenhosamente a sobremesa, me
sentindo, no mais das vezes, saudavelmente superior e mais ‘requintada’. Definia (e ainda defino) como o ponto final
ideal. “É o único doce que preciso”, abusava, orgulhosa de meu hábito/prazer nobre e
saudável.
Quando surge uma nutricionista sem coração em palestra na
empresa, reiterando, inconsequentemente, os males do cafezim’ (sou mineira –
eu, não ela) depois do almoço. – Retém a absorção de minerais e nutrientes do
que se acabou de ingerir. Ideal seria o intervalo de duas horas antes e duas
horas depois.
Como assim? Duas horas depois? Faria um esforço de esperar
20 minutos, não mais. Mas a virginiana que se alimenta tão bem, prato em
carnaval de cores, logo protesta. – Então, faço nobre seleção dos convidados a
meu prato e meu estômago,por conseguinte, à toa? Vamos negociar.
Nas primeiras semanas, parei, mas o troço fazia tanta falta que resolvi
estabelecer uma regra para furar a regra (virginiana, ainda que cética, é boa
nisto). Por minha boa alimentação e
dedicação permanente, ganho um prêmio semanal.
Uma vez por semana eu me daria de presente um ‘puta’ café depois do
almoço. ‘Puta’, adjetivamente, no
sentido de super, bom e melhor!
Foi quando a Marília entrou na minha vida. Marília é amiga
da Stina (e agora minha também!), minha flatmate, que estava lá em casa em um
desses jantares temáticos da Rodésia. Dessa vez, estávamos todos na Suécia, na
comida e na bebida, em jantar de boas vindas à Stina. Nas idas e vindas que o
assunto dá, falava da nutricionista que ‘destruiu minha vida’.
Marília então se apressou em se identificar nutricionista e
dizer: “não é assim, não”. Se eu tivesse
problemas alimentares, nutricionais, tudo bem, mas como não, eu podia seguir no
meu café after lunch.
Me digam as regras, como funciona tudo e eu seguirei.
Servi um cafezinho
para brindarmos e resolvi me entregar (de volta) a meu melhor vício.
Resumo da ópera: Um
ritual prazeroso estabelecido, os dizeres de uma nutricionista, a abstinência,
os dizeres da outra , o resgate, o retorno!
Assim descrevo meu mais duradouro affair, desde sempre e
para sempre. Entre idas e vindas, sou fiel a ele e sinto forte sua ausência!