Ali, o gênero musical se configurava como um espaço social para leituras e
interpretações de nosso país, significados falando mais alto que qualquer
lirismo ou poesia; sem perder por isto, no entanto. ‘Variações neste mesmo
tema, sem sair do tom’…
Era Mautner e era Caetano, apresentado juntos ‘Três Tons’ de
Jorge Mautner, material que relança os três primeiros álbuns do músico, bem
mostrando a fase inicial do cantor, compositor, poeta, escritor, filósofo e
violinista (ufa!).
Assim, Jorge Mautner era oficialmente o ‘mestre de
cerimônia’ e as primeiras músicas, extraídas do repertório do material
remasterizado e relançado, foram ali apresentadas por ele.
Mas o show foi muito mais e maior. Houve Mautner só, houve
Caetano só e houve mais e maior: uma conjunção dos dois, repassando faixas do
disco fizeram juntos em 2002, ‘Eu não peço Desculpas’.
O espetáculo começou com a apresentação solo do dono da
festa. A Louca da Casa já andou
brincando aqui com ‘O Filho do Holocausto’, mas aqui era Mautner, voz e
violino. E banda e muita prosa. Falando pelos cotovelos, como sempre, ele se
policiava por isto em uma auto-ironia
anedótica, fazendo piada de si.
Saem todos do palco e entra Caê, que, em seu momento, apresenta canções suas, pinçadas de seu vasto
repertório. Houve ali representantes de Cê, Transa, Abraçaço, entre alguns
outros. Ele fez entrada e show muito
íntimos e pessoais. Antes, só e intimista, depois junto à banda que acompanhou aos dois
na noite, Caetano presenteou ao público com pérolas e deu um tom refinado à sua
participação.
Na última parte deste rico espetáculo três em um, Mautner
volta ao palco e a dupla repassa “Eu não peço Desculpas”, seu álbum conjunto.
Neste momento, Caetano faz uma pausa reafirmando Mautner,
musicalmente, como o amálgama brasileiro por excelência, “de Jesus de Nazaré
aos tesouros do Candomblé. “Isto porque foi Jorge Mautner quem descobriu o
Brasil” reitera depois de algumas canções legendando a mistura que representa o
tipo brasileiro, além das muitas interpretações de nossa cultura.
E o show foi inspirador. Não
só pela verve do anfitrião, mas pela participação mais que especial, ora em
‘tom’ particular ou nos ‘Três Tons’ de Mautner.
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