Nunca havia lido ou ouvido nada destes ‘Omnikestra’. De sua
música ou do projeto e sua origem. Minha convicção, ao comprar ingresso para o
show, falava o nome do Tom Zé. Fui
porque sua participação denotava, para mim, referência e, de certa forma,
anuência. E assim, me bastava.
Chegando lá, umas três horas antes do show, detalhe-se, com
o intuito de estudar enquanto esperava (porque me descobri produtiva em
situações espera), descubro que meu tablet não comporta os vídeos que pedem
meu programa de estudos. E aí uma dúvida se plantou entre mim e o evento:
ficaria ali e perderia três horas planejadas de estudo ou voltaria para casa para estudar
e perderia o show?
Jantando na comedoria enquanto me decidia naquela ‘aposta’,
ou não, eis que chega Tom Zé e um dos Omnikestra e se colocam ali, à minha
frente, para um jantar pré show.
Sua leveza e displicência, ali na comedoria, com os
atendentes e seu entorno, me fizeram, a princípio, ficar. Li novamente o
prospecto para saber e me certificar daquilo a que me propunha e tentar
encontrar alguma certeza, avalizada por meu companheiro de jantar.
Grupo inédito, o Omnikestra reúne músicos de diferentes
gerações que têm relação com a obra e pesquisa de Walter Smetak. O artista
suíço, músico violoncelista, compositor, inventor de instrumentos musicais,
escultor, e escritor Anton Walter Smetak mudou-se para o Brasil em 1937 e promoveu intensa pesquisa de experimentação
sonora com apropriação da matéria e do ambiente local.
Li ali que “muitos dos instrumentos feitos por Smetak
utilizavam cabaças, que remetiam aos instrumentos hindus, africanos e dos
índios brasileiros , assumindo um caráter fortemente simbólico. Smetak usou o
termo ‘Plásticas Sonoras’ para denominar essas criações, que envolvem a
contemplação visual do objeto, sua potencialidade como instrumento gerador de
som e a simbologia da qual está impregnado”.
O grupo Omnikestra é, assim, composto por
diversos inventores de instrumentos e improvisadores que trabalham com a
microtonalidade (vídeo) entre outras técnicas exploradas pelo homenageado.
E bem, para alguém bem pouco entendedora de palavras, versos
e trovas, qualquer teoria, enfim, sobre o universo musical, me pareceu algo experimental ao extremo, com
alguma cor do Tom Zé, dada sua escolha e participação.
Pois, show começado, não me encontrei, não encontrei a
música e ela tampouco veio ‘falar’
comigo. Achei bem uma confusão de ruídos orquestrados, em instrumentos feitos
inusitados (eufemismo), em modos de tocar estranhos, produzindo uma mistura de
barulho a que não se consegue classificar como música.
Foi tão sério o
estranhamento que nem esperei o Tom Zé, de quem me despedi na comedoria com
um até daqui a pouco, dado que o veria
no show conseguinte. Com dez minutos de show, já queria me levantar. Mas,
resolvi me segurar até trinta minutos de show e acabei ficando quarenta e cinco
minutos para rabiscar estas impressões que traço agora.
O folheto falava de um estranhamento potencialmente
inspirador. Em mim foi questionador ... desta minha ânsia de conhecer tudo. O melhor da noite, foi minha saída antecipada
com passagem pela comedoria, recheada com um arroz doce com cobertura de paçoca
que me encheu a noite de doçura.
Belo texto,Poli!! O Tom Zé tem aquela credencial de "senhor fantástico do novo som" mas não consigo navegar por este mar por mais de 30 minutinhos.
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