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terça-feira, 19 de setembro de 2017

afetos que me habitam


Venho tendo saborosas evidências que, uma das coisas que mais valorizo desde sempre e cultivo com esmero, tem um valor imensurável na vida da gente!  Pessoas e relações nos presenteiam, com atenção, as emoções cotidianas, quando bem cultivadas e ‘alimentadas’. É uma minha velha teoria das relações em via de mão dupla. O que vai, tem volta. 

Se você é dedicado a pessoas e afetos ao redor, se para o olhar nas peculiaridades de cada um, se dirige sua atenção, se você se empenha em provocar coisas boas no outro, em rir junto e dividir prazeres, terá, em algum momento, respostas parecidas. E gratuitas!

Venho tendo reiteradas provas de que habito já, com casa própria, este universo de trocas gratuitas, do gosto em provocar o bem no outro. Em meus repetidos cafés compartilhados virtualmente, construídos com esmero, no detalhe, e fotografados, percebo claramente que muitos afetos habitam meu ritual cotidiano favorito.  

Preparando tudo hoje, com a ajuda (descoordenada e desorientada)  de meu filho, para um café especial porque adornado com um ‘adereço’ adicional, vi que trago sempre amigos do peito ali comigo, em constante revezamento e em sabores e aromas diversos e requintados! Hoje era o dia de (outra) peça-presente de meu quebra-cabeças do paladar e do afeto, tudo junto e misturado. Era um chocolate especial para harmonizar com  café, o personagem do dia.

Foi com Alfredo e Kelly que tomei (tomamos, eu e o Lourenço) meu café hoje. Confesso que o Lourenço ficou mais no chocolate harmonizador, presente deles e eu no infalível trio: chocolate, café e água com gás. E este casal de amigos se fez presente em dose dupla, porque minha xícara de café pessoal, foi presente deles também.

O suporte de madeira para pães, qual um original sousplat retangular, me veio das mãos (literalmente, porque originário de um processo artesanal) dos queridos amigos (e afilhados) Magnim e Lud, e já vem saborosamente compondo meus rituais há algum tempo, fazendo história em minha mesa e cafés compartilhados!

E também, e por fim, conosco à mesa, meus tios Marta e José Luís, que me trouxeram do Pico da Bandeira, dia desses, um ingrediente especial. Nada menos que o protagonista destes rituais compartilhados: Um café do alto da serra do Caparaó, por algumas seguidas vezes eleito o melhor do Brasil (fácil notar porque)!

E já se revezaram tantos amigos e afetos ali à mesa comigo. Em cafés, em instrumentos para saboreá-lo, em prazeres outros que torno uma espécie de marca identitária, como a pimenta. A mensagem dos amigos que fica comigo é dividida em três, como já andei decifrando por aqui mesmo, pelo universo da Louca: 1 Eu te conheço; 2 Sei o que te faz bem; 3 quero te fazer bem também!

E carrego estes prazeres-presentes comigo, muitas vezes, com trilha sonora. Estes mesmos amigos, ou outros, sabem também como a música é um meu tijolo, alicerce de prazer e com ela me colorem o cenário! Saboreio, portanto, rituais e prazeres alimentados por eles e compostos ainda por trilhas sonoras personalizadas. Músicas escolhidas ou indicadas ou ouvidas junto, deles para mim, ou minhas por eles ou minhas para eles. Com estes mesmos amigos ou com outros.

Meus cafés, como outros prazeres e gostos divididos entre amigos, apesar de integrarem um meu ritual ‘solitário’, são densamente habitados por muitos e compõem, sobretudo, afetos compartilhados com aroma, paladar e trilha sonora! Um brinde cafeinado! Com açúcar e com afeto!

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