Venho tendo saborosas evidências que, uma das coisas que mais valorizo desde sempre
e cultivo com esmero, tem um valor imensurável na vida da gente! Pessoas e relações nos presenteiam, com atenção, as emoções cotidianas, quando bem cultivadas e ‘alimentadas’. É uma minha velha
teoria das relações em via de mão dupla. O que vai, tem volta.
Se você é dedicado a pessoas e afetos ao redor, se para o
olhar nas peculiaridades de cada um, se dirige sua atenção, se você se empenha
em provocar coisas boas no outro, em rir junto e dividir prazeres, terá, em
algum momento, respostas parecidas. E gratuitas!
Venho tendo reiteradas provas de que habito já, com casa
própria, este universo de trocas gratuitas, do gosto em provocar o bem no outro.
Em meus repetidos cafés compartilhados virtualmente, construídos com esmero, no
detalhe, e fotografados, percebo claramente que muitos afetos habitam meu
ritual cotidiano favorito.
Preparando tudo hoje, com a ajuda (descoordenada e desorientada)
de meu filho, para um café especial
porque adornado com um ‘adereço’ adicional, vi que trago sempre amigos do peito
ali comigo, em constante revezamento e em sabores e aromas diversos e
requintados! Hoje era o dia de (outra) peça-presente de meu quebra-cabeças do
paladar e do afeto, tudo junto e misturado. Era um chocolate especial para
harmonizar com café, o personagem do
dia.
Foi com Alfredo e Kelly que tomei (tomamos, eu e o Lourenço)
meu café hoje. Confesso que o Lourenço ficou mais no chocolate harmonizador,
presente deles e eu no infalível trio: chocolate, café e água com gás. E este
casal de amigos se fez presente em dose dupla, porque minha xícara de café
pessoal, foi presente deles também.
O suporte de madeira para pães, qual um original sousplat retangular, me veio das mãos (literalmente, porque originário de um processo artesanal) dos queridos amigos (e afilhados) Magnim e Lud, e já vem saborosamente compondo meus rituais há algum tempo, fazendo história em minha mesa e cafés compartilhados!
E também, e por fim, conosco à mesa, meus tios Marta e José Luís, que me trouxeram do
Pico da Bandeira, dia desses, um ingrediente especial. Nada menos que o
protagonista destes rituais compartilhados: Um café do alto da serra do Caparaó,
por algumas seguidas vezes eleito o melhor do Brasil (fácil notar porque)!
E já se revezaram tantos amigos e afetos ali à mesa comigo.
Em cafés, em instrumentos para saboreá-lo, em prazeres outros que torno uma
espécie de marca identitária, como a pimenta. A mensagem dos amigos que fica
comigo é dividida em três, como já andei decifrando por aqui mesmo, pelo
universo da Louca: 1 Eu te conheço; 2 Sei o que te faz bem; 3 quero te fazer
bem também!
E carrego estes prazeres-presentes
comigo, muitas vezes, com trilha sonora. Estes mesmos amigos, ou outros, sabem
também como a música é um meu tijolo, alicerce de prazer e com ela me colorem o
cenário! Saboreio, portanto, rituais e prazeres alimentados por eles e
compostos ainda por trilhas sonoras personalizadas. Músicas escolhidas ou
indicadas ou ouvidas junto, deles para mim, ou minhas por eles ou minhas para
eles. Com estes mesmos amigos ou com outros.
Meus cafés, como outros prazeres e
gostos divididos entre amigos, apesar de integrarem um meu ritual ‘solitário’,
são densamente habitados por muitos e compõem, sobretudo, afetos compartilhados
com aroma, paladar e trilha sonora! Um brinde cafeinado! Com açúcar e com
afeto!
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