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sexta-feira, 6 de outubro de 2017

exilados no afeto



Kamchatka é uma península ao leste da Rússia, mais próxima, geograficamente, dos EUA que de Moscou, que teve papel estratégico na Guerra Fria. Assim, Kamchatka está presente em algumas versões do jogo ‘War’ e representa um lugar de resistência, de esperança.

Em Kamchatka, o filme, Matias é um menino de 10 anos que vê sua vida mudar completamente quando seus pais começam a ser perseguidos pela ditadura argentina. Para escapar dos militares, a família é obrigada a largar todos os seus bens e fugir para uma fazenda no interior. E vemos o filme e toda a história pelos olhos (e voz) de Matias. Ele é nosso narrador, o que traz à estória, algumas situações espirituosas e sinceras.

Salta aos olhos, a dedicação dos pais em, naquela situação limite de exílio voluntário, proporcionar aos dois filhos pequenos, momentos legitimamente agradáveis. Em refeições, conversas, brincadeiras e ensinamentos, a tensão perde compasso e não parece que eles estão involuntariamente exilados em um sítio, pelos perigos ao redor, tão forte o afeto e .  E é aí que entra Kamchatka. A família joga War junto e, por desdobramentos do filme e das jogadas, fica a península contra o resto do mundo; o pai, jogando pela península contra todo o resto, usa-a como metáfora para o lugar de resistência!

Apesar de todas as nuances contextuais descritas acima, não se trata, no entanto, de um filme político. Trata-se de um retrato sensível e humano, em que a política serve de pano de fundo. Exilados no afeto, os personagens nos contam mais de relações que de conflitos!

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