Kamchatka é uma península ao
leste da Rússia, mais próxima, geograficamente, dos EUA que de Moscou, que teve
papel estratégico na Guerra Fria. Assim, Kamchatka está presente em algumas
versões do jogo ‘War’ e representa um lugar de resistência, de esperança.
Em Kamchatka, o filme, Matias é
um menino de 10 anos que vê sua vida mudar completamente quando seus pais
começam a ser perseguidos pela ditadura argentina. Para escapar dos militares,
a família é obrigada a largar todos os seus bens e fugir para uma fazenda no
interior. E vemos o filme e toda a história pelos olhos (e voz) de Matias. Ele
é nosso narrador, o que traz à estória, algumas situações espirituosas e
sinceras.
Salta aos olhos, a dedicação dos
pais em, naquela situação limite de exílio voluntário, proporcionar aos dois
filhos pequenos, momentos legitimamente agradáveis. Em refeições, conversas,
brincadeiras e ensinamentos, a tensão perde compasso e não parece que eles
estão involuntariamente exilados em um sítio, pelos perigos ao redor, tão forte
o afeto e . E é aí que entra Kamchatka.
A família joga War junto e, por desdobramentos do filme e das jogadas, fica a
península contra o resto do mundo; o pai, jogando pela península contra todo o
resto, usa-a como metáfora para o lugar de resistência!
Apesar de todas as nuances contextuais
descritas acima, não se trata, no entanto, de um filme político. Trata-se de um
retrato sensível e humano, em que a política serve de pano de fundo. Exilados no afeto, os personagens nos contam mais de relações que de conflitos!
Nenhum comentário:
Postar um comentário