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domingo, 26 de novembro de 2017

cabe o novo em Nova Era?

Entrada da festa 'Som de Preto'
A festa trazia tudo que Nova Era não entende e não comporta. O novo! Melhor, a galera daqui, as turminhas que só andam em bando, em tribos, não falam este idioma. O máximo de novidade que se permitem é um buteco novo n'algum canto. E mesmo assim, tem um monte de 'depende' na frente!

Uma festa com uma proposta diferente, alinhada a temas da data que se celebrava ali, a Consciência Negra, tinha tudo contando a favor e não teve a adesão da galera!

A música estava excelente e variada, para agradar gregos e troianos. Nem tão lá na diferença, agradando, assim, aos gregos; nem tão cá na indústria cultural, agradando, desta vez, aos troianos. O espaço estava bem organizado e decorado, com artes com alguma negritude na origem, paredes afora!

Mas no auge da noite, éramos cerca de 25, somente!  Música ótima, um bom espaço bem decorado, cerveja gelada, algumas variedades de petiscos fresquinhos, feitos na hora e ...  pouca adesão.

Mas uma festa com o nome 'Som de Preto', a cidade, parada no tempo e avessa a tons culturais nas iniciativas, não comporta mesmo. Som de Preto é o som que traz a raiz negra em seu DNA, gente, e música boa o faz com muita frequência! É o samba e todas as suas vertentes como samba rock, samba de raiz, samba jazz e afins; é o próprio jazz, é o blues, é o soul e até o rock... onde tem musicalidade, tem um pezinho de preto!

E o som foi deliciosamente selecionado em sua vertente pop, muito dançante e ‘puta’ animado! Adorei estar ali, adorei conhecer as pessoas que conheci, ADOREI o som, a cerveja geladinha e os petiscos. Engrosso o coro do quero mais e quero ajudar a buscar adesão em uma próxima iniciativa, sem perder na diferença que, para mim, é combustível!

Já que o próprio nome da cidade pede, em Nova Era, experimente o novo. Deixamos aqui o convite para uma próxima iniciativa!

Fica a dica: quem não arrisca não petisca... experimenta o novo, NOVA ERA!

sábado, 25 de novembro de 2017

o negro na história das telenovelas brasileiras: consciência?


A sessão cineclube hoje foi itinerante! Fizemos um passeio pela história da teledramaturgia do Brasil e, de novela em novela, seguimos conferindo o papel dos atores negros, nelas atribuídos, em roteiro retratando o nascimento de uma consciência afro-brasileira.

“A negação do Brasil: O negro na telenovela brasileira”, produzido e dirigido por Joel Zito Araújo, doutor em Comunicação pela USP, mostra que os negros foram sempre retratados em personagens mais estereotipados e negativos, o que influiu, notadamente, nos processos de identidade étnica dos afro-brasileiros.
Ao propor uma reflexão sobre a questão da ratificação do preconceito, o filme traz à pauta os papéis representados pelos afro-descendentes na história de nossa TV, quase sempre  subalternizados, inferiorizados em função da pouca visibilidade e quando muito, representando estereótipos de jagunços, feitores, delegados e empregados domésticos.

 Os personagens negros deixavam, sempre, uma percepção de subalternidade e  as novelas trazem uma reconstituição muitas vezes adocicada da história da escravidão.  

Com o passar das décadas, eles crescem na consciência do papel que representam e também, na parte que lhes cabe nos roteiros, mas, no século XX, ainda vemos histórias carregadas de muito preconceito.

Neste ponto, nos perguntamos o quanto as novelas nos refletem ou nos moldam o perfil, a opinião e as atitudes. Diante dos índices de audiência que alcançam, têm forte papel na formação da opinião-pública média do telespectador brasileiro. Fica, a (triste ) conclusão que pensamento brasileiro é, em grande medida moldado pela Globo e por suas telenovelas onipresentes!

Diante de sessão a um só tempo, educativa e interessante, fica a vontade de crescimento da participação do cineclube, dotando-o de um papel social e trazendo atores de nosso universo social para estas histórias nas telas. Nas celebrações, nas datas importantes, nos temas dignos de protestos. A sessão de hoje alimentou a vontade de mais!


quinta-feira, 9 de novembro de 2017

como um cineclube alcança a comunidade



Tudo nasceu de um sonho de uma moradora local, Poliana Darmane, que desde cedo ouvia de seu pai, muitas histórias de seu canto e casa, o Bairro Santa Maria em Nova Era. Ela foi, assim, crescendo e  alimentando uma vontade de documentá-las, transformando todos aqueles personagens de sua vida em parte de uma história compartilhada e celebrada!

Em sinergia identificada com projeto em andamento da equipe local do partido político Rede de Sustentabilidade, chamado Caminhos de Nova Era, consistindo no registro audiovisual de histórias da cidade, Poliana levou-lhes a ideia da produção de um doc sobre causos e formação do Bairro Santa Maria, origem e casa de seus afetos. E assim nasceu 'Santa Maria - Terra de Mangueiras'.

Com o apoio dos Coletivos Variável e KM per Hour, outros frutos de laços seus, acreditando  que a cidade reúne muita gente com sede de realização local e querendo, assim, aglutinar iniciativas e integrar projetos, decidiram, todos juntos e coletivizados, apoiar estas ideias para que saíssem de suas cabeças, rumando às ruas da cidade, aos espaços públicos e ao público local, enfim.

Uma das pernas coletivas desta bela iniciativa, a do Variável,  consistiu na priorização do trabalho de locais, naturais da cidade ou da região, para valorizar o trabalho de seus cidadãos e divulgá-los, personagens de si! Também  toda a produção e edição foram realizadas por eles. E tal rede de amigos ‘coletivizados’ a levou ao aparato e estrutura técnica audiovisual necessários, pois o roteiro, este, ela já o tinha desde o início pronto na cabeça, feito das muitas histórias ouvidas e das vivências pessoais.

Por fim e enfim, o Cineclube. Convidado a fazer parte da celebração, montando a estrutura de exibição do doc para os locais, protagonistas da obra, o Cineclube cumpriria seu papel principal, levando benefícios culturais à comunidade e aproximando-a da linguagem do cinema. 

Porque a festa era delas!
 Seria em uma festa comemorativa no dia das crianças em praça pública, em evento escolhido porque de tradicional celebração no bairro. O dia das crianças sempre teve força por suas fronteiras e é parte das histórias comuns daquela vizinhança. Santa Maria, assim,  iria se ver, se assistir e se saber, ‘Voltando a ser Criança’ (nome da festa)!

A comunidade foi,  assim, a alma e a essência do projeto! Os personagens ali retratados, na composição da história do bairro, deixaram, cada um, um pedaço de si mostrando o quanto nossos espaços e pedaços falam de nós, do que somos, do que fazemos, do que construímos e ensinamos.

À velha guarda de Santa Maria... antes
... e depois!

Santa Maria, independente de sua geografia, de seu surgimento, são eles, suas histórias e afetos. É a voz da comunidade o que justifica todo o trabalho realizado e ali transmitido!


A comunidade se assiste pelas telas do Cineclube!

E esta identidade foi o que se fez mais visível na exibição a céu aberto, em praça pública local, no dia das crianças. As alegrias, os risos  e exclamações; as palmas, comentários e histórias posteriores são os ingressos mais bem pagos que o Cineclube recebe, desde sempre.