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sábado, 26 de março de 2011

e Caio ressoa em mim

..."tudo que eu te ofereci foi minha sinceridade, feita de carne e de sangue..."

"Eu só tenho medo de algum dia não ter ombro para verter tantas lágrimas quanto forem necessárias."

"A página em branco é a melhor das companhias. Traz todas as possibilidades."

"Está ficando tarde, e eu tenho medo de ter desaprendido o jeito. É muito difícil ficar adulto."

CAIO FERNANDO ABREU ontem, hoje, sempre

Hoje me aconteceu uma destas coincidências que nem Freud explica. É preciso Jung. Fui ontem a um monólogo baseado em dois contos do Caio Fernando Abreu. Identidade absolutamente convulsionada e em absoluto torpor literário, me sentei, logo ao acordar, para escrever sobre o dito monólogo, sobre palavras, sobre o Caio principalmente, e novamente.

Decido antes, acessar meu email e verifico, por pretenso acaso, alguns recebidos há mais tempo e ainda não lidos por absoluta falta de condições de mergulhar em palavras, como tais emails pediam. E o primeiro (e único) email lido é um enviado pela Rita, coincidentemente fazendo menção ao Caio. Um texto escrito no blog dela sobre como nos conhecemos. E que quem trouxe nossa amizade foi Caio. Um texto dele que eu estava por enviar por email e imprimi antes várias cópias no trabalho.

O título mexeu tão fundo com ela que a incitou a 'furtar' uma daquelas muitas cópias que brotavam da impressora. E foi, afinal, o que nos aproximou. O Caio fala alto com isto que chamamos de alma. E se sua alma é dada a conversas, impossível que ele não te convença, não te leve, não conduza teus pensamentos, não te comova.

E o título do texto era uma frase de Camille Claudel para Monet: "Existe sempre alguma coisa ausente." Caio aí se detinha, discorria e se prolongava sobre o tema, dizendo que sim, que "algo sempre nos falta. O que chamamos de Deus, o que chamamos de amor, saúde, dinheiro, esperança ou paz. Sentir sede faz parte. E atormenta.".

Sim, Caio, e o querer, o buscar, o crescer se constituem primeira e principalmente destas ausências todas de que somos feitos. Esta nossa insatisfação e também imcompreensão permanentes são nosso motor. E nos conduzem neste nosso eterno trânsito entre o sorriso e a lágrima, entre os pedaços cotidianos e oníricos de nossos dias, de nossa vida.

sexta-feira, 25 de março de 2011

por onde andar... nas vielas culturais...

Porque hoje é dia de nosso visitante contumaz. Hoje é sexta feira e hoje definimos por onde andar na próxima semana, onde pisar, onde descansar a cabeça, onde investir em endorfina e aprendizado!

CINEMA

O Retrato de Dorian Gray - Porque já li o livro e adorei. Porque é Oscar Wilde. Porque isto é tudo que lembro. Espaço Unibanco Pompéia e Frei Caneca.

Elza - Um doc. narrando a trajetória de Elza Soares. Com participações de Caetano, Jorge Ben, Maria Bethânia, entre outros. Frei Caneca e Cine Livraria Cultura.

Trabalho Interno - Abrangente análise da crise financeira global de 2008. Vencedor do Oscar de Melhor Doc. Frei Caneca e Cine Sabesp.

E esta quinta é abertura do É Tudo Verdade, festival de docs. Há que checar a programação.


TEATRO

Marulho - Simplesmente porque inspirada nas obras de Gabriel Garcia Marques e Guimarães Rosa. Suficiente para coçar muito a curiosidade de qualquiera... Sábado, às 21 e dom, às 19, no Espaço Redimundo, na Bela Vista.

À Meia Noite um Solo de Sax em Minha Cabeça - Dois amigos de infância crescem e se tornam homens diferentes, de acordo com as escolhas que fizeram na vida. A peça aborda com sensibilidade a história de afeto e tem interpretações assertivas, dizem. Parlapatões, ter e qua, 21 horas.

Banana Mecânica - Aborda tragédias urbanas por meio de personagens da 'mitologia' do carnaval carioca. Satyros 1, quinta, 21 horas.

Assurbanipal Magic Club - Preparação de um show de mágica erótica, mesclando textos de Nietzsche, Camus, Roland Barthes, entre outros, com conversas ouvidas por casais em casas de suingue paulistanas. Satyros 1 - seg, 21 horas.

A Filosofia na Alcova - inspirado nos textos do Marquês de Sade sobre uma garota que passa por uma aula de educação sexual aplicada por dois mestres depravados. Satyros 2, sáb., 23:59.

Hipóteses para o Amor e a Verdade - A peça tem como mote a vida de pessoas anônimas, que buscam quebrar o muro de suas solidões por meio do amor. Satyros 1, sábado, 23:59 e dom. 20:30.

Namorados da Catedral Bêbada - Em um prédio antigo do centro de São Paulo, servem-se vinhos afrodisíacos e drogas para personagens exóticos. Satyros 2, quarta, 21 horas.


DANÇA

Beije Minha Alma - Espetáculo unindo dança e artes plásticas - SESC Pompéia - de ter a qui, 21 horas.

Chico no Feminino- Espetáculo inspirado no livro "Figuras do Feminino na Canção de Chico Buarque". TD Teatro de Dança no Edifício Itália. Sex, Sáb e Dom, 21, 20 e 18.


EXPOSIÇÕES

Islã - Arte e Civilização - Expo com mais de 300 itens vindos de museus da Síria e do Irã. Panorama da história tradicional Islâmica - No CCBB, até 27/03.

Aleksandr Rodtchenko - pintor, escultor, designer gráfico e fotógrafo russo em expo na Estação Pinacoteca, em um recorte expressivo de seu trabalho. Pinacoteca do Estado até 01/05.

German Lorca - Olhar Imaginário - Obra do fotógrafo experimental. A mostra dá ênfase àquelas fotos que marcam seu 'experimentalismo radical' e a ruptura com o realismo. Caixa Cultural SP, até 15/05.

Leonilson - Retrospectiva com 300 obras do Artista Cearense. Itaú Cultural, até 30/05.

quarta-feira, 23 de março de 2011

um táxi para a estação lunar



Presença de palco (e de espírito), larga interatividade e empatia. Palavras que resumem bem o show de Alceu Valença no SESC Belenzinho. Show saboroso e descontraído. Uma super empatia botando a mesa de ritmos de explícito traço nordestino.

O 'papo' com o Alceu foi ainda melhor. Sim, porque assim senti aquela descontraída interação, tão informal! Ele literalmente batia papo com o público, entre música e outra. 'Causos' diversos, shows anteriores, viagens em turnê; em um tom afoito, de prosa, de quem não se contém.

E o show, por si, foi muito bom. Minha memória musical deu o ar da graça e acompanhou quase todo o repertório. A lembrança das músicas todas e o carisma espontâneo do Alceu me deixaram leve e me pregaram um sorriso n'alma!

domingo, 20 de março de 2011

Mulatu Astatke - o show



Difícil transformar em palavras tamanho torpor.

A música de Mulatu Astatke reverbera dentro de mim. Pulsa, ressoa, cresce.

O tom étnico de seu jazz tem um delicioso sabor de diversidade. É o Ethio Jazz - fusão do Jazz com soul, música etíope e látina, gênero desenvolvido por ele!

Me tirou preocupações terrenas, me elevou, me pôs um sorriso n'alma!

sexta-feira, 18 de março de 2011

meu repertório das sextas... o roteiro cultural!

Esta semana tem tanta opção para tudo, que o artigo em falta é tempo. Deixei muitas opções, daquelas que são do nosso número, nos servem bem como o quê, de fora por não sermos capazes de fazer 2 coisas ao mesmo tempo. Quem sabe um dia...

CINEMA

O Retrato de Dorian Gray - porque já li o livro e adorei. Porque isto é tudo que lembro. Porque é Oscar Wilde. Porque quero relembrar a história. Espaço Unibanco Pompéia e Frei Caneca Unibanco.

Cópia Fiel - Li por aí que é mais uma obra prima do Abbas Kiarostami, além disto com a Binoche. Numa atuação dita magnética. Espaço Unibanco Augusta e Reserva Cultural.

Elza - Doc narrando a trajetória de Elza Soares com participação de Caetano, Jorge Ben, Maria Bethania, entre outros. Cine Livraria Cultura e Frei Caneca.

Trabalho Interno - Análise Abrangente da crise financeira global de 2008. Vencedor do Oscar de Melhor Doc.

Restrepo - Doc que acompanha a rotina de um pelotão americano no Afeganistão. Frei Caneca.

Inverno da Alma - Muito bem recomendado e isto me basta. Belas e Frei Caneca.

O Besouro Verde - Só de ser do Michel Gondry, me anima ver qualé a deste besouro, apesar dos pesares. Espaço Unibanco Pompéia e milhares de outros lugares, para todo gosto, disponibilidade e geografia.

Além deste mundo de opções listadas acima, tá 'rolando' ainda a Semana da Francofonia - Ciclo de cinema contemporâneo francófono - com opções muito boas. Vale dar uma olhada na extensa programação. Só para dar um gostinho, já vi que traz Bicicletas de Belleville, Alphaville do Godard, entre vários outros.


TEATRO

Esta semana já começo a sessão Teatro com uma dança.

Beije Minha Alma - Espetáculo unindo dança e artes plásticas - terça a quinta - SESC POMPÉIA - 21 horas.

Lixo e Purpurina - baseado em contos de Caio Fernando Abreu, o monólogo mostra a experiência de um jovem em terras estrangeiras. Sesc Pompéia - Sex, Sáb e Dom - 21 e 19 horas.

À Meia Noite um Solo de Sax em Minha Cabeça - dois amigos de infância crescem e se tornam homens distintos de acordo com as escolhas que fizeram na vida. A peça aborda com sensibilidade uma história de afeto e tem interpretações assertivas, dizem. Parlapatões, ter e qua, às 21 horas.

A Filosofia na Alcova - inspirado em um texto do Marquês de Sade sobre uma garota que passa por aulas de educação sexual com dois mestres depravados. Satyros 2 - sábado, 23:59.

Hipóteses sobre o Amor e a Verdade - A peça tem como mote a vida de pessoas anônimas, que buscam quebrar o muro de suas solidões por meio do amor. Satyros 1 - sábado, 23:59.


SHOWS

Já começando na alta, hoje tem Alceu Valença no SESC Belenzinho às 21:3o e pós temos Del Rey no Studio SP (lá pela meia noite).

Amanhã temos ninguém menos que o Jazzista Etíope Mulatu Astatke no SESC Vila Mariana. Ele é o principal nome da trilha sonora de Broken Flowers (Flores Partidas?). É o principal responsável pela criação e disseminação do Jazz Etíope. Nessa vertente, os elementos básicos do Jazz se encontram com o funk, o reggae e diversos ritmos latinos. Phoda e mais um pouco! 21 horas.

Nevilton e Do Amor tocam terça no Studio SP. A partir de 22 horas.

Lucas Santanna e Lulina no CCBB, na terça también, 19:30.

Quarta tem Ana Cañas no Centro Cultural Fiesp, ali na Paulista, às 20 horas.

Além disto, na quarta mesmo 13 Anos de Vozes do Brasil no Studio SP. Um mundão de gente vai tocar lá. Vê só: Anelis Assunção, Bárbara Eugênia, BluBell, Bruno Morais, Céu, Cláudia Dorei, Edgard Scandurra, Karina Buhr, Lucas Santanna, Mariana Aydar, Thiago Pethit e Tom Zé. Ufffff!!! E começa às 21 horas.

Quinta: entre as mil e uma opções, fiquei entre duas: Panorama do Choro Paulistano Contemporâneo no Teatro do SESC Pompéia e Trupe Chá de Boldo na choperia do mesmo SESC. O primeiro 21 horas e o segundo 21:30.


EXPOSIÇÕES

Instituto Tomie Ohtake - Relicário de Vik Muniz. Esculturas que recriam objetos do cotidiano.

Welcome Home na Emma Thomas, na Barra Funda - Imagens que transmitem o sentimento de estar em casa.

Islã - Arte e Civilização - Expo com mais de 300 itens vindos de museu da Síria e do Irã.

German Lorca - Olhar Imaginário - Obra do fotógrafo experimental que dá ênfase àquelas fotos que marcam seu 'experimentalismo radical' e a ruptura com o realismo.

quinta-feira, 17 de março de 2011

mais do mesmo

Esse tom 'minúsculo' dado a temas assim, ditos divinos, sagrados em Caim, está mesmo mexendo comigo. É no mínimo curioso e provocante. A simplicidade extremada dá um tom corriqueiro a cada vírgula, cada passo do caminho 'divino'!

A certa altura, a conhecida Arca de Noé está para partir, o dilúvio por vir. E Deus (ou deus, como queira, Saramago) não aparece no 'bota-fora' da arca, assim descrito. Vejam vocês:

"Deus não veio ao bota-fora. Estava ocupado com a revisão do sistema hidráulico do planeta, verificando o estado das válvulas, apertando alguma porca mal ajustada que gotejava onde não devia (...)"

E nessas horas, o Senhor sentia-se menos como Deus e mais como um mestre dos anjos operários. Tomando para mim um dito e adaptando às letras que tenho diante dos olhos: de bombeiro e louco, TODO MUNDO tem um pouco!!!

domingo, 13 de março de 2011

um bom pedaço de caim

... a certa altura, Caim, depois de salvar ao filho de Abraão do próprio pai, questiona o anjo enviado por Deus, para tal tarefa, de seu atraso. Ao que ele responde: "Sinto muito ter chegado atrasado, mas a culpa não foi minha, quando vinha para cá surgiu-me um problema mecânico na asa direita, não sincronizava com a esquerda (...) ainda por cima não me tinham explicado bem qual destes montes era o lugar do sacrifício..."

Assim que, problemas de localização e problemas mecânicos são parte de nós desde que o mundo é mundo. Melhor, desde que o homem é homem (ou o anjo é anjo). Divinamente justificáveis!

sábado, 12 de março de 2011

O caim (minúscula) de Saramago!!! (pontos de exclamação).

Mergulhada nas palavras do Saramago. Caim me provoca.

O que instiga, e até mesmo desconcerta, a princípio, é o tom trivial e minúsculo em temas ditos divinos, sagrados. Minúsculo, literalmente. deus, caim e abel assim figuram nas idas e vindas dessa estória. Ou história.

E Saramago não se intimida diante de temas considerados intocáveis ou sagrados. As preocupações 'terrenas' ao longo da trama nos provocam, nos sacodem, nos fazem pensar. E nos fazem rir.

Como nos recomenda ninguém menos que Pilar Del Rio, este livro é literatura em estado puro. E é uma recomendação subjetiva porque, ainda nas palavras dela, com subjetividade lemos e vivemos.

Literatura maiúscula. Provocante!

quarta-feira, 2 de março de 2011

expectativas

A expectativa, muitas vezes, conduz a direção do olhar e, outras tantas o peso da avaliação. Engordei meu curriculum cinematográfico com dois filmes esta última semana.

O primeiro, 127 Horas, do qual não havia lido NADA a respeito. Nenhuma crítica ou pretensa avaliação. A sinopse, já na sala de cinema. E ponto. Fui, então, desarmada. Não esperava nada. E gostei bastante. Achei que o filme, com o tema que tem, escapa muito bem de esperados e previsíveis clichês. Seria muito fácil explorar lados sentimentalóides num filme desta natureza. Mas não. O filme é um ótimo retrato da perseverança. Perseverança, força e humor, apesar da dor.

O outro foi O Discurso do Rei, tão bem avaliado, tão comentado, tão oscarizado. E sim, gostei do filme. Mas confesso que esperava mais. Gostei e ponto. Só não achei assim tãããão digno de tudo. O que mais gostei no filme, além da interpretação do Rei, enquanto gago, foi do notório humor inglês. O Rei estava impecável enquanto gago. Quase nos fazia empurrar a fala nos engasgos que ele tinha. Nos trazia uma certa tensão aquele discurso na iminência de acontecer, que agarrava. E o Geoffrey está ótimo enquanto fonoaudiólogo prático. "Um ninho de Mafagafos" me trouxe um riso n'alma!