Referências que se multiplicam
Ele, visivelmente, se perdia falando, entre as músicas e se encontrava nelas.
Em pulsante show, Otto lança ‘The Moon 11 11’, álbum carregado de referências que vão do cinema de Truffaut, passam por extremos como Pink Floyd e Odair José, The Smiths e The Cure até chegar a Fela Kuti. O disco é, assim, o resultado de um estudo, uma construção, feitos em cima de filmes e álbuns musicais.
Uma viagem de Otto entre o binário, 11 11, da linguagem dos computadores, o filme Fahrenheit 451 de Truffaut e o espaço, entre outras referências, batizaram ‘The Moon 11 11’.
O lançamento foi 11 de Novembro, 11/11, como bem pede o nome do trabalho.
E o show foi solar. Catártico e dançante, trazia forte trio percussivo de Peixinhos (Olinda), duelando com as distorções da guitarra de Catatau. Para completar, um trio de cordas fez participação em algumas músicas.
Assim, a pluralidade musical deu o tom do show, aproximando ritmos distantes, com bases sintéticas/eletrônicas, ao lado de elementos tipicamente regionais. Dois extremos que produziam um resultado novo e vibrante.
Otto caminhava livremente entre as cadeiras do público do SESC lotado e grande parte deste, ficou de pé, dançando ao lado do palco. Uma loucura convidativa e saborosa, embalada por uma trilha sonora pulsante.
Dançando sensualmente no que nos parecia uma viagem sua, entre piadas, muitas e brincadeiras a cada intervalo, Otto, em determinado momento, diz: “O problema é que tudo é ao vivo”. E a naturalidade da língua que se falava ali, ao vivo, contagiava. Otto com seus músicos, com o público, com participações especiais, com a atriz Karine Carvalho.
Um show saborosamente cantado, tocado, dançado e contextualizado em suas referências, entre música e outra. E foram tantas, contextualizações, razões de ser e bobagens que ele, ao final, pontua: “Hoje ‘tá parecendo um stand up”