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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

meu quebra cabeças de vida

Amigos, família, amores, colegas, PESSOAS.

Peças fundamentais de muitos e importantes quebra-cabeças de minha vida... da emoção, do amor, do carinho, do sentir, do confortar, do querer, da FELICIDADE (that with capital letters.)!

Enchem meus dias de conteúdo e me alimentam o espírito, já que sempre carrego comigo alguma fome. Algumas várias. De tudo. A velha ânsia por mais.

Así que, acalmam estas minhas ânsias todas sem, no entanto, acabar com elas. Porque querer mais é alicerce de nossas incansáveis buscas e de nosso crescimento e reflexo de nossa vontade de vida.

Me fazem melhor, cultivando os bons sentimentos a diversidade no olhar. A um só tempo, acalmando e alimentando esta permanente, intensa e eloquente fome de mais.

São anjos pelo caminho, como bem coloca 'meu' Caio F.. Há alguns demônios também, ya lo sé, Caio. Mas esta é uma grande lição que tiro desta sequência de obstáculos que enfrentei. Construir nosso caminho, independente das pedras, que estarão sempre lá. A questão é aprender a desviar, deixá-las para traz e quizás crescer com tudo isto. Porque no meio do caminho havia uma pedra.

E como me cochichou Caio, estar FELIZ (with capital letters again) é minha melhor 'vingança'. Chorei. Pela consciência da força disso que ele me contou, do ser feliz, after all; por estar viva e, concordando com Caio uma vez mais, porque VIVER é bom demais!

domingo, 25 de setembro de 2011

memória e identidade

Armários, gavetas, arquivos, qualquer tipo de depósito de 'guardados', apetrechos que caíram em desuso e estão, portanto, fora do alcance de meus olhos no dia a dia, tornaram-se um playground para mim, ricos em re-descobertas e recordações.

Nas poucas vezes que consigo abrir um parêntese em meus dias "tudo ao mesmo tempo agora" para organizações várias ou para buscar um algo perdido nos armários do passado, acabo me agarrando o dia todo em algo que tinha o propósito inicial de durar uma hora or so...

Me perco me achando e me entrego me reaprendendo.

E vou percebendo, devagar e sempre, one day at a time, que a identidade não faz casa na memória. Apesar de não me lembrar de várias peças do quebra-cabeças de minha personalidade, de vários fatores da soma que me definiu como livros, filmes, músicas, relações, viagens; apesar de muitas vezes não me lembrar de peças significativas até; vejo que EU sou EU.

Com o passar dos dias e uma progressiva entrega a este playground da memória que tenho em casa vou descobrindo que hábitos e gostos que eu acreditava adquiridos pós acidente, pós DESmemória, são reflexo, senão cópia, dessa moça de quem lembro pouco.

E que processo saboroso. Sendo mais Poliana que nunca, considero estes resgates um privilégio. A chance de se ver de fora, por outro ângulo. Sair do olho do furacão, dar uma olhada intensa de fora, avaliar, se reconhecer, se julgar e escolher mudar ou não. É a construção do indivíduo com absoluta consciência, além de alternativas, opções, escolha.

Mas é impagável perceber que as escolhas que você fez a vida toda te traduzem. Conduzem tua personalidade e escolhas futuras independente de você não se lembrar. É seu hipertexto cognitivo, afetivo e simbólico te definindo apesar das lacunas nas raízes evidentes ou óbvias destes hipertextos.

A descoberta deste final de semana em meus guardados 'playground' foi um jornaleco interno da empresa na qual eu trabalhava. Uma edição do 'Gotas a Mais' como era chamado. Ao que pensei: -caraca, não é à toa que meus armários estão todos tão LOTADOS. Até jornalzinho da empresa arquivado.

E resolvi abrir o exemplar para entender se havia motivos claros para tal 'guardância'. E a razão para que eu guardasse esta edição do Gotas a Mais estava estampada ali ao centro do jornal! Uma reportagem comigo e com o Vinícius tratando de nossa então transferência para São Paulo.

E o que me chamou a atenção e me encantou é o quanto meu discurso de então, a respeito de SP, é E X A T A M E N T E o de hoje. Com o uso de um vocabulário igual, até! Não me lembrava que eu já tinha esta opinião antes ou que a expressasse já desde o primeiros tempos. E é igual. Nas vírgulas.

E pouco a pouco, devagar e sempre, em meu incansável processo de reconstrução vejo que a Poliana de hoje taí hace mucho (literalmente!!!)! E sigo incansável na busca por mim mesma porque estou, afinal, me REencontrando!

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

para sempre MEU, caio f. (again, always!)

Sim, eu confesso que, quando Felipe me indicou a biografia do Caio Fernando Abreu, eu já imaginava que iria mexer muito comigo, como Caio sempre mexeu. Talvez por vivermos esta 'compreensão mútua'. Eu o entendo em todas as suas 'sem' razões de ser. E num destes vários dias que passamos juntos, os dois, ele me confessou que me entende também naquilo que dizem ser tão difícil me traduzir. Nos desatinos e na frequente e absoluta entrega do coração.

Mas mesmo me sabendo tão inclinada à intensidade e à paixão com que Caio fala de tudo ao seu redor; das pessoas, das relações, ainda assim não imaginava que a leitura da biografia dele seria assim, tudo tanto, este mergulho tão fundo. Às vezes me custa um bocado voltar à tona, sair daquele universo intenso, denso, tão fluente na língua que falam minhas vísceras todas. Freqüentemente, Caio! Fecho as portas para o mundo exterior, para isto que chamam realidade, me perco e me acho, dividindo com ele tempos, movimentos, emoções, descrições, percepções e sensações.


Porque como nos conta Paula Dipp de sua relação com ele, também considero as coisas que escolhemos para enxergar neste mundo, muito parecidas. E no meu caso, Paula, adiciono que além de enxergarmos as mesmas coisas, enxergamos de uma maneira, frequentemente, muito igual.

A identidade eloquente em muitas, várias esquinas disto que chamamos vida; a ‘parecência’ nas ações, em muito do jeito de ser, de pensar, de agir, dos gostos, desgostos, paixões, tudo isto vai ficando muito forte e evidente, com o virar das páginas. E me revira por dentro. Porque é no detalhe. A paixão pela palavra escrita, a pulsão, compulsão por escrever sobre tudo e qualquer coisa em qualquer hora, qualquer lugar é um pedaço forte e grande desta identidade. É, sim, sua raiz que passa também pela música, jazz; pelo modus operandi de suas amizades vida afora, levando amigos a amigos e fazendo deles sua família fora de casa. Por um forte hábito de 'neologizações', adaptando a língua ao modo como sentimos e vivemos, substantivando verbos, verbalizando nomes, adverbiando ambos. A forte mistura de línguas. Português e Inglês, entre outras, se relacionam profundamente em seus textos, se confundem ao sabor de uma eloquência e expressividade únicas e originais, em sentenças, textos. São palavras de todas as etnias que copulam e produzem um sentido natural e intenso em 'nosotros' que o lemos ou que d'alguma maneira submergimos nesta loucura intensa que ele descreve. Ainda pelo 'virginianismo', no aniversário e no 'modus vivendi'. Por detalhes triviais como elencar trilhas-sonoras para fatos de sua vida e gostar de ler o que escreve em voz alta. Alguma voz em meu peito segue gritando, full time, durante a leitura: Caraca, eu também!


A produção de Caio, seus textos, suas crônicas, suas cartas dão a permanente impressão d'ele fazer da língua seu playground particular. Não há gramática ou regra que o explique. Ele aplica as regras a seu favor em todo um lexico seu. E eu sinto que sou fluente em sua língua particular e posso através dela, também, contar meus dia; meus amores, todos; tropeços, alguns; minha vida.


sábado, 17 de setembro de 2011

intensa, saborosa, desmedida...

"I've seen God in the sun
I've seen God in the street
God before bed and the promise of sleep
God in my dreams
And the free ride of grace..."

Quem quer que seja o condutor desta viagem que fazemos todos, anda se esmerando em me presentear com uma alegria desmedida, todos os dias. Elevações de espírito. A free ride of grace! Algo que tiro principalmente de PESSOAS, das relações. Com amigos e família. Em suas palavas, seu carinho, seu amor e sua cumplicidade.

Algumas portas se fecharam para mim, mas se abriram outras tantas e caminhos se desenham todos os dias.

A satisfação que me traz a permanente perspectiva do NOVO em meus dias, REviver tudo, como se fosse a primeira vez, o prazer que tal perspectiva me traz, faz eu me reconhecer aqui dentro de mim e sorrir inteira, neste contínuo processo de aprendizado e crescimento.

That's how I see God in the sun or in the street, or wherever... It's my free ride of grace!!! A cada pedra arrancada deste mesmo caminho. A cada passo. A cada mão estendida, a cada flor plantada.

Redescobrindo a vida em cada curva do caminho. Em cada detalhe. Renascendo.

E não, não me converti a nenhuma religião. Continuo absoluta e sinceramente agnóstica. Minha resposta para tudo, continuo copiando-na de Sócrates: Só sei que nada sei...

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

desconstrução de sequelas

A permanente, e oficial, possibilidade de eventualmente esquecer tudo e qualquer coisa plantou em mim um imediatismo imperioso. A antes FALTA DE, e as hoje FALHAS, da dita memória recente me ensinaram a evitar verbos como adiar e protelar, bem como as ações relativas a eles. "Depois" tornou-se um adjunto adverbial de tempo que não cabe mais em minhas construções verbais, minhas afirmações, meus diálogos, meus planos, decisões, em meus projetos todos sob pena de transmutar-se em NUNCA MAIS. Acho, sim, que este é um denominador comum que temos todos. É do humano. Temos o hábito de adiar, protelar, enrolar o que for possível... meter um depois em todo projeto, 'futurando-o' nos planos ou extinguindo-o na prática.

Mas no meu caso qualquer protelamento poderia resultar em esquecimento e portanto em cancelamento involuntário, fruto de uma DESmemória oficial, clinicamente atestada. Isto me fez buscar terapias 'mnemônicas' e ferramentas para lidar com.

Ou eu talvez esteja simplesmente cumprindo com um perfil astrológico que, incrédula e inconscientemente, sigo à risca, virginiana extremada, no detalhe, que sou. Si, pero no creo! ;) Mas invento regra pra tudo, buscando ferramentas para lidar com todo e qualquer obstáculo que se interponha em meu caminho... criteriosamente, ordenadamente.

VIVENDO as sequelas deste acidente em minha vida, fui aprendendo que o milenar e humano hábito de adiar tudo que possa carregar um DEPOIS consigo, hoje, não funciona comigo. (E ao que me lembro funciona muito pouco com o resto dos mortais... :)

E a principal ferramenta que aprendi a empregar em quase tudo, quase sempre, é um imediatismo desmedido e DESpreconceituoso. TUDO é urgente e imediato, dentro das possibilidades. AGORA OU NUNCA tornou-se a cadência natural, e literal, de meus dias, de minhas decisões...

And I say it once again: cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é...

sábado, 10 de setembro de 2011

de encontros, bem querência e afinidades

É misturar boas doses dos três, uma pitada de sal, com açúcar e com afeto (como queira Chico Buarque) que a receita é infalível. Não gasta bom cozinheiro ou dotes requintados demais, de gente muito 'da prendada'.

Gasta sim, boa vontade e gratuidade. Mas essencial mesmo é o querer. Tendo querência, o resto pode ficar a gosto do freguês.

Pode levar cardamono ou cinamono, puxar para o doce ou para o sal, pimentinha da boa... Tem dias de receita complicada e nomes exóticos, garam masala, turmeric, cominho, coentro, chilli, gengibre; tem dias de canjiquinha, ora pro nobis...

Tem dias que pedem mais alegria e calor e outros que pedem mais carinho e silêncio. Mas em se tendo querência, vos digo e repito, tem erro não 'seu' moço, lhe asseguro e 'agaranto'!

Servir é parte importante de nosso gostar. Aprendi isto com uns amigos árabes, bem longe daqui. A Simbologia da comida e da cozinha por toda nossa história é por demais forte. Nossa hospitalidade tem os pezinhos na cozinha, em qualquer canto do mundo. Talvez seja por onde se começa a entender a cultura do outro, pelos sentidos todos.

E esta partilha de sensações é que deve ser o mote de nossos assados e cozidos. Daí enriquecemos nossas memórias com outros códigos. Ficam os cheiros, sabores, cores e sons a nos remeter um ao outro. Fica o toque. Além de todas as referências que partilhamos em uma boa roda de narguilê, n'um prato partilhado a muitas mãos... infinita rede de associações... hipertexto cognitivo, sensorial e simbólico. Fragmentos de nossas lembranças um do outro, qual colcha de retalhos, sem compromisso de contornos definidos.

Seguimos tecendo. A ver onde chegamos.

Bom também, e por fim, é sentir com o vagar que pedem tais sentimentos, o que o outro provoca em nós. E cultivar. Deixar florir, ramificar, modificar.

Como já disse e repeti algumas vezes, na ocasião de conhecer gente muito da boa e querer mantê-las em meus dias. Me agrada muito a consciência de nossa responsabilidade por manter o que muitas vezes veio até nós como fruto do acaso.

Para acabar com Vinícius:
'A Vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida...'

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

moto contínuo


Saboroso show de lançamento de Moto Contínuo, album do China, no SESC Pompéia.

Em um momento do show, ele afirma que vivia o momento mais feliz de sua vida. E era visível, 'sentível', quase palpável. Porque contagiava.

Todo aquele carisma, já tão conhecido e evidente, via MTV ou via Del Rey, lo que sea, chegava a todo o público e conversava conosco intimamente.

China, como nos mostra sempre, em toda e qualquer ocasião, na TV ou fora dela, traz consigo uma energia única e contagiante. Sua presença de palco salta aos olhos, aos poros, à pele e (nos) contamina a todos.

Confessando que ainda contaminada por um êxtase trazido por momentos tão leves e saborosos, (somados a algumas cervejas, I confess!) conhecendo agora, além do China Del Rey, o China INA, 'Moto Continuo' de uma energia deliciosa, ganho a vontade e a certeza de acompanhá-lo em produções, criações, projetos e todo anexo ou reticências... Tudo, sempre!

Leve, divertido e 'feito pra dançar'.

Joinha Records orgulhosamente apresentou, China e H. Stern Band. Redundantemente, uma jóia de show!!!


domingo, 4 de setembro de 2011

kanimambo

Hoje fiquei braba comigo mesma por ser tão rígida nos compromissos que crio para mim. Até mesmo nos 'compromissos' culturais sou virginiana ao extremo. Cumpro sempre todos, à risca.

E aí que hoje me irritei com esta rigidez toda até para coisas que deveriam ser fonte de prazer somente. Hoje havia um show do Emiliano Castro, ao final da tarde. Eu vi este show há pouco tempo e estava enrolada com coisas mil, pessoais, a resolver. Coisas que, em dias úteis, nunca se coordena para resolver.

Mas para uma virginiana não tem porém, senão, contudo, no entanto, conjunção adversativa nenhuma. Em algum momento afirmei para mim mesma que iria e isto serve como ponto final. Ou ponto de exclamação!

E foi o que houve. Aos primeiros acordes, o show me desarmou completamente e transformou minhas reticências em pontos de exclamação multiplicados. Embarquei.

Belos arranjos e tons regionais de todo canto imaginável nos traziam significados e ritmos saborosos. Um instrumental delicado, suave mas elaborado.

Em um determinado momento, um delicioso 'clímax' instrumental, tomou lugar. E os instrumentos todos tão intensamente coordenados me arrepiaram a alma. Saí dali com a alma lavada.

Agradeci por ser assim, tão virginiana.

Kanimambo, Emiliano!

a árvore da vida


 A pegada existencialista em minhas duas últimas incursões ao cinema está, ainda, me tirando o folêgo.

A primeira incursão foi 'Melancolia', sobre o qual já andei passeando palavras por aqui. Intenso, dolorido e belo.

A escolha da vez foi 'A Árvore da Vida'. Filme igualmente belo e tocante, mas, este, absolutamente questionador.

O filme evidencia e realça a beleza do cosmos e das leis naturais confrontando-nas com nossas dores e seu permanente questionamento. Parece nos mostrar todo o tempo o quão maiores e acima de nós estão as leis que regem o universo. A força e o poder inexorável da natureza. O que é o humano perto do universo? A força das leis naturais. Da vida. A Árvore da Vida.

Até mesmo a câmera, delicada e intensamente, reafirma a natureza em cada pedaço de nós e de nossas vidas nos ângulos e quadros escolhidos.

E assim, parece nos mostrar que cada um de nós é deus. A natureza, suas leis, o homem, o cosmos, TUDO e TODOS, absolutamente sublimes, autônomos e paradoxal e maravilhosamente coo-dependentes.

A minha árvore da vida
bem cuidada, com cerveja!
É, ainda, um questionamento muito forte de toda e qualquer dor humana. Toda e qualquer. Na extensão, na razão ou sem razão de ser. Qual o papel deste que chamamos deus diante da inexorabilidade do sofrer à condição humana?

É um filme poesia, mergulhado também em filosofia. Delicado e intenso!

Pessoalmente, tive mostras fortes das forças sublimes acima de nós, humanos, demasiado humanos. E, paradoxalmente, o quanto cada um de nós guarda das leis do universo, de deus.

Quase morta, gravemente hospitalizada, me foi plantada uma árvore da vida. Diante das leis do universo e de meu corpo universo, acordei de tudo e minha vitalidade acordada cresceu e se multiplicou intensamente, reafirmando as leis da natureza cá comigo e multiplicando a minha já inesgotável vontade de pulso, latejante no meu peito-coração!

                Porque a minha Árvore da Vida cresce dentro de mim.