tom zé

Um show absolutamente lúdico. Éramos todos expectadores de uma mistura de música, artes dramáticas e humor. Porque para toda música, Tom Zé nos traz sua história, uma contextualização. E a graça, claro, é sempre protagonista.

As margens, as observações, os parênteses, as 'notas de pé de página' estão em toda canção e são um capítulo à parte. Porque supostamente fora de um dito 'roteiro oficial'.

Saí leve do show. E fui dançar.

caio

"A única magia que existe é estarmos vivos e não entendermos nada disso. A única magia que existe é nossa incompreensão." Caio F.

semana itaú cultural

sim, porque ali passei minhas noites esta semana y me gustó todo que he visto/oído!

Mátria - Uma Outra Linha do Tempo Cultural - O conceito e a emoção, o erudito e o popular, o masculino e o feminino. Faces de nossa música e nossa dança que Antônio Nóbrega nos mostra em sua 'Aula/Espetáculo'.

Ele nos traz canções, danças e peças instrumentais entremeadas por considerações sobre uma linha do tempo cultural brasileira de prevalência européia e de extração popular.



H-LÁXIA e Bibliocasa de Haroldo de Campos

A Bibliocasa nos insere em um contexto, em um universo Haroldo e suas referências. Através de livros, traduções, anotações, dedicatórias, diálogos do autor com poetas, críticos e teóricos, brasileiros e estrangeiros.

Já H LÁXIA é uma imersão sensorial no universo Haroldo. A Ocupação consiste em um túnel onde se sobrepõem imagens e leituras de seus livros. Múltiplas. Diferentes viagens sonoras e narrativas. Um passeio labiríntico por nossa língua (ou por outras línguas) em uma (des)construção de sentido guiada, me pareceu, pela sonoridade. Sinestésico.

"... and here I begin I spin here the beguine I respin and begin to release and realize life begins not arrives at the end of a trip..."

"...começo aqui e meço aqui este começo e recomeço e remeço e arremesso e aqui me meço quando se vive sob a égide da viagem o que importa não é a viagem mas o começo..."


Projeto Rumos da Música - Criolina

Uma divertida mistura de música popular do maranhão com surf músic e jovem guarda. Dançante, regional e com humor. Muito bom!

roteiro cultural semanístico - porque hoje é sexta-feira

Esta semana 'tá até estressante... taaaaanta coisa boa que tô me sentindo perdida...

CINEMA

O Discurso do Rei - História do Rei George VI, retrata ironicamente a forma com que os inglêses vêm seus monarcas. Com Geoffrey Rush. O coração do filme é a relação do Rei com seu fonoaudiólogo, o Geoffrey. Então interessa ainda mais a mim, que faço fonoaudiologia há um ano já. O discurso de Poli ;)! E está muito bem avaliado (o filme, não o meu discurso!). Belas Artes, Reserva, Unibanco Augusta. Aquilo de sempre: me limitando a listar os espaços que frequentamos nosotros. Vários horários.

127 Horas - História real de um alpinista que ficou preso em um canyon, após despencar de um desfiladeiro e decide amputar a mão para se salvar. Unibanco Pompéia, Frei Caneca Unibanco, entre muitos outros. Horários múltiplos, as usual.

Inverno da Alma - Muito bem recomendado e isto me basta. Belas e Frei Caneca.

O Besouro Verde - Só de ser do Michel Gondry, já me anima a ver qualé a desse besouro... Espaço Unibanco Pompéia e mais duas páginas do Guia da Folha de opções. Para todo gosto, disponibilidade e geografia.

TEATRO

Beije Minha Alma - Espetáculo unindo dança e artes plásticas. A cia Fragmento apresenta espetáculo inspirado na obra da artista plástica Tracey Emin, cuja obra tem como fonte suas experiências pessoais de frustração, desamparo e culpa. SESC Pompéia, ter a qui, 21 horas.

Lixo e Purpurina - Baseado em contos de Caio Fernando Abreu (preciso falar mais alguma coisa?), o monólogo mostra experiências de um jovem em terras estrangeiras. Ali, na minha segunda casa em SP, no SESC POMPÉIA!!! Sex, Sáb e Dom, 21 e 19.

120 Dias de Sodoma - quatro libertinos se reúnem em um castelo para uma festa em que meninos e meninas são assassinados. Espaço dos Satyros 2, ali na praça Roosevelt.

Assurbanipal Magic Club - Adeptos da prática, personalidades das mais diversas apresentam confissões acerca de troca de casais. A peça é fruto de uma pesquisa realizada em clubes de swing. Satyros 1 - segunda 21 horas.

Banana Mecânica - Aborda tragédias Urbanas por meio de personagens da mitologia do Carnaval Carioca - Satyros 1- quinta 21 horas.

SHOWS

Começando já muito bem, hoje, depois e domingo tem Tom Zé no SESC Vila Mariana. Tô lá dentro já! Se alguém animar, me dá um toque para combinarmos de ir juntos.

Tarântulas e Tarantinos - Banda que interpreta músicas das trilhas sonoras dos filmes de Quentim Tarantino. No SESC Vila Mariana, quarta, 20:30.

Mônica Salmaso, Teco Cardoso e Nelson Ayres - releitura da obra de Villa Lobos. SESC Vila Mariana, qui, 21 horas.

E este domingo tem show no Pedrão. Isto é inédito e maravilhoso! Ainda não sei o que vai tocar, horários e tal. Dá-lhe google! (Só não digitem Pedrão, please ;)

CARNAVAL

Sim, esta semana tem este item adicional no roteiro cultural. Ô dureza! Só aumenta este 'troço'.

Bloco Acadêmicos do Baixo Augusta - Sim, porque quer lugar mais representativo da diversidade e das diferenaças de Sumpaulo que a Augusta? Domingo - Concentração em frente ao Sonique a las dos de la tarde. E tem festa de encerramento no Studio SP, a partir das ocho de la noche.

Vááááários blocos fazem carnaval de rua pelas ruas da Vila. Este domingo haverá muitos. Pérola Negra, Boteco Seu Zé, Nóis Trupica mais não Cai e váááários outros. Google na cabeça.

EXPOSIÇÕES

Instituto Tomie Ohtake - 'Relicário' de Vik Muniz. Esculturas que recriam objetos do cotidiano a partir de material que vai de detritos a metais nobres. A partir do dia 02, quarta feira.

Welcome Home - na galeria Emma Thomas, na Barra Funda. Imagens que carregam em si o sentimento de estar em casa.

784.600 - 14 artistas brasileiros abordando a relação da arte com o sistema econômico. Paço das Artes.

Islã - Arte e Civilização - Expo com mais de 300 ítens vindos de museus da Síria e do Irã. Panorama da História Cultural Islâmica. CCBB.

Aleksandr Ródtchenko - pintor, escultor, designer gráfico e fotógrafo (ufa!!!) russo em expo na estação Pinacoteca, em um recorte expressivo de seu trabalho.

German Lorca - Olhar Imaginário - Obra do fotógrafo experimental. A mostra dá ênfase àquelas fotos que marcam seu 'experimentalismo radical' e a ruptura com o realismo...

Então... adeptos, venham a mim e vamos todos!

ródtchenko na estação pinacoteca

"Até agora não percebemos este fato chamado vida, que só necessitaria ser organizado e depurado de ornamentos..."

"Cristalize o homem, não pelo retrato sintético, mas de vários instantâneos em momentos e condições diferentes."

"Preze tudo que é real e contemporâneo"

Aleksandr Ródtchenko, pintor, escultor, designer gráfico e fotógrafo (ufa!!!) russo em Expo na estação Pinacoteca.

emiliano castro - kanimambo

Alma em êxtase!

Porque quando a identidade entra em campo, a admiração e o deleite são imediatos. Amplos e absolutos. Me desconcertou.

Com música, parece que tenho algum sinalizador, que grita: 'olha Poliana, este daí fala tua língua. Vai fundo que é tua praia.

E com a música do Emiliano Castro foi assim. Também. Aquele instrumental forte e suave, a um só tempo, mesclado a regionalismos...

Soa delicioso. Me faz querer muito mais do mesmo. Porque no campo da música, um único 'verso' vale mais que mil palavras...

´Cause "Music makes the wheels of my world go round!" ;)

Kanimambo, Emiliano!

o insistente roteiro cultural - 18 a 25 de febrero

pues, eis que surge o famoso visitante das sextas...
De saída, já começamos a sexta bem, muito bem, aliás... show do LCD Soundsystem na cabeça! mas afobamentos à parte, vamos da ordem que seguimos casi toda semana:

CINEMA - por aqui não faltam opções. Muuuuito por ver! Abaixo, somente algumas delas:

Bravura Indômita - refilmagem de um faroeste de 1969 a la Irmãos Coen. Só pelo fato de ser dos Coen, já vale o remake! Belas Artes, Espaço Unibanco Augusta, Reserva Cultural e uns outros 764 lugares.

O Discurso do Rei - A relação do rei e sua fonoaudiólogo constituem o 'centro nevrálgico' de um filme que retrata com ironia a maneira que os ingleses vêem seus monarcas. Belas Artes, Cine Livraria Cultura, Espaço Unibanco Augusta e outros 915. Pesquisem.

Inverno da Alma - Garota sai em busca do pai, que trabalha no mercado de drogas, para preservar a família. Belas Artes e Cine Sesc, entre outros.

O Samba que Mora em Mim - relata a história da comunidade em volta da Mangueira. Espaço Unibanco Augusta.

TEATRO

A Filosofia na Alcova - montagem inspirada em textos do Marquês de Sade sobre uma garota que passa por uma aula de educação sexual aplicada por mestres depravados. Espaço dos Satyros 2. Sábado 23:59!

Hipóteses para o Amor e a Verdade - vida de pessoas anônimas do centro de SP que buscam quebrar os muros de suas solidões. Satyros 1 - Sábado 23:59 e domingo 20:30.

Assurbanipal Magic Club - preparação de um show de mágica erótica regada a textos de Nietzsche, Roland Barthes, Camus, entre outros e também com conversas ouvidas pelo elenco em casas de suingue paulistanas. Satyros 1 - Segunda 21 horas.

À Meia Noite um Solo de Sax na Minha Cabeça - de acordo às escolhas e os caminhos de suas vidas, dois amigos de infância crescem e tornam-se homens diferentes. Parlapatões terça e quarta 21 horas.

A Dócil - baseado em texto de Dostoiévski, um agiota, diante de sua mulhar morta ao cair de um prédio, segurando uma santa,procura explicações do que houve. Galpão do Folias - sex a dom 18 horas.


DANÇA
sim, a dança que até então não entrava nestes roteirinhos, não sei por que cargas dágua, agora é parte deles e os ensaios de bloco estão incluídos aqui. porque não?

Penetráveis - Cia Mariana Muniz - Espetáculo mesclando arte e dança ao se inspirar no trabalho de Hélio Oiticica e dar continuidade à pesquisa de linguagem contemporânea. Galeria Vermelho. Sex, sáb e dom. 20:30 e 19h.

Mátria - Uma Outra Linha do Tempo Cultural - 'Aula-espetáculo' apresentada por Antônio Nóbrega trazendo canções, danças e peças instrumentais entremeadas por considerações sobre uma linha de tempo cultural brasileira, de prevalência não européia e extração popular. Itaú Cultural 23/02 - 20 horas.

Ensaio do Bloco Acadêmicos do Baixo Augusta - Domingo às 20, no Studio SP. É tudo que eu tenho a dizer. Ah!! otra cosa... me voy y quiero companhia!!!

Trama na Linguiça - O bloco, formado em sua maioria por gente da área de comunicação, segue a fanfarra da banda do Serginho entoando Marchinhas clássicas. Este ano vai rolar um concurso de fantasias - ao vencedor uma caixa de cerveja. (Que podemos fazer outro ensaio aqui em casa para nos aplicarmos em consumir o prêmio, se for o caso!) - domingo 15 horas.

SHOWS

LCD Soundsystem - hoje - o festival começa tipo 21 horas. Mas LCD mismo, solamente por las una de la mañana! Warehouse - Anexo à Pachá.

EL Arranque - orquestra argentina entoando tangos - Auditório Ibirapuera - sex, sáb e dom - 21 e 19 horas.

João Bosco - SESC Pompéia - sáb e dom 21 e 18 horas.

Os Penitentes - Banda Curitibana Prata da Casa - terça - 21 horas - SESC Pompéia.

Criolina - Banda Maranhense - Itaú Cultural - Quinta - 20 horas.

Tom Zé - sexta, sábado e domingo QUE VEM no SESC Vila Mariana.

é o segUinte, entre os shows, vou hoje, com certeza, no LCD Soundsystem e sexta que vem no Tom Zé... o resto, a combinar...

uma resenha com o pezinho na filosofia...

Acabo de ler uma resenha crítica sobre um livro de arte que coloca em pauta uma questão filosófica. O dito "princípio da incerteza", segundo o qual, ao observar um fenômeno natural, os homens acabam por alterá-lo, sugere, assim, que a realidade só existe enquanto observada, modificada, sentida por nós. A realidade não teria vida própria. Estaria em nossos olhos, nossos sentidos, nossa percepção, nosso tato, nossas víseras, nossa avaliação!

Há, por exemplo, o belo? Efetivamente? Ou somos nós a atribuir beleza, a classificar segundo critérios, parâmetros pré-definidos? O bem? O mal?

Um pouco mais fundo: o correto, o verdadeiro, o ético, têm existência própria? Podem sim, ser conceitos tremendamente relativos, alinhados à cultura local. Mas acredito que nenhum destes conceitos ou valores ou idéia existiria sem a avaliação e criação de critérios. Para x ou para y. Mas para que eles existam têm de ser parte da 'consciência coletiva'.

Avaliando, classificando, julgando e validando. Assim seguimos criando conceitos dos quais nos valemos em tudo que vivemos.

Ah! E o livro em questão - Sete Dias no Mundo da Arte: E a arte, como fica nessa? Como se classificam obras primas? Em que momento se daria uma suposta validação? E aqui, a disussão segue por um caminho oposto. A arte é um campo que acolhe bem a relativização de conceito e critérios de quem vê. TUDO pode ser arte.

entrevista / reportagem Caetano - bravo de fevereiro

Ontem à noite, lendo a Bravo no metrô, perdi minha estação. Quando dei por mim, já era. A dupla, reportagem e entrevista com Caetano, me fez embarcar em outros rumos e esquecer a realidade ao meu redor.

Primeiro, a reportagem. Descrevendo-o como alguém que vive um permanente processo de troca. Ensina e aprende. Fecunda e se alimenta. Troca influências. Artista inquieto, Caetano "transforma tudo o que ouve em matéria prima para suas produções."

Depois, a entrevista. Entrevista onde fica muito clara a dimensão de seu contexto, de suas referências e sua assertividade. A leveza e a beleza de sua maturidade. A substância de sua obra enquanto resultado de uma permanente busca e suas trocas.

A certa altura se traduz citando o intelectual Rogério Duarte: "Gosto do que acontece". É isto. Simples assim. O que acontece. Gosta, divide,troca, produz, inventa e nos regozijamos todos.

Opa!!! Perdi minha estação! Já era!

cisne negro

Nada menos que visceral. Até que o cisne negro a 'tome', ela é a imagem do medo. Sua expressão facial o denuncia permanentemente. Além deste temor, absolutamente constante, só mesmo a doçura. Quando o Cisne Negro toma seu espaço, diz a que veio, ela ganha força, segurança, assertividade, sexualidade. V I S C E R A L !!!!! Filme para se sentir no estômago, a cada fotograma!

rótulos de cachaça, cartazes de bonde e miragens - Tomie Ohtake

As exposições em cartaz no Tomie Ohtake estão valendo a tarde. Passei meu último sábado lá, às voltas com três delas. E gostei! Das três e da tarde, portanto.

CAPRICHOSAMENTE ENGARRAFADAS - RÓTULOS DE CACHAÇA foi a primeira. Exposição reunindo série de rótulos de aguardente, desde a década de 30. Indicadores de como a história da cachaça se relaciona com a vida e a cultura brasileira são muitos ali. Os nomes de algumas falam por si. De engraçados e non-sense, como Caninha da Saúde, Uischi Nacional, Amansa Corno e Memória do Gerente a nomes mais poéticos como Borboleta Errante e Sagarana.

VEJA ILUSTRE PASSAGEIRO - O ATELIER MIRGA E OS CARTAZES DE BONDE foi a segunda. Peças de comunicação para produtos de consumo em massa, veiculadas em bondes, mostrando um capítulo da história gráfica e da publicidade brasileira.

MIRAGENS - artistas contemporâneos de referencial cultural islâmico em uma narrativa que não é feita pelos que de longe constroem a versão oficial dos fatos. Mas uma narrativa feita pelos que estava ali mesmo, no olho do furacão.

Rótulos de cachaça e cartazes de bonde ficam em exposição até abril

um lugar qualquer - sofia copola

A vida como um "espetáculo cheio de som e de fúria significando nada"... e a sutil descoberta deste vazio...

música para se perder e se achar - Show Yussef Lateef

Porque foi assim mesmo. Na abertura do show achei que estava no lugar errado. Não assimilava nada. Achei tudo aquilo somente acordes dissonantes enfileirados. Não me soava bem. Me parecia cacofônico. Me perdi.

Mas ainda neste mesmo início, pouco depois, a música foi entrando em comunhão comigo e a adesão foi nada menos que imediata, completa e absoluta. Comecei a sentir aquelas melodias todas deep inside. Me entreguei. Me encontrei.

A impressão de diversidade era extremada. Impressão de experimentalismo puro em órbita. Aquela música, aquele som, aquele Jazz desfez qualquer paradigma de música, melodia e ritmo em mim. Me desconsertou e desarmou. Uma melodia tão diversa que implica em diferenças até mesmo no gestual dos músicos tocando.

E, ao final, não havia opção senão me render. E me perder naquelas notas maravilhosamente diversas! E me perdi!!!

memória e identidade

A Rosa Montero, referência que marca minha memória, a certa altura afirma que nossa identidade reside na memória. Hoje, posso dizer que concordo absolutamente. Eu, que passei pelo extremo da absoluta privação da memória, estou vivendo e confirmando tal fato. A ordem dos fatores é absolutamente questionável, mas que memória e identidade se definem, se determinam, se limitam, ou se estimulam, isto hoje pauta meus dias.

Devagar, e sem qualquer 'mapa' por seguir, sem dicas das minhas antigas opções, vou me entregando a hábitos e escolhas que sempre foram meus. Já eram, há muito, parte do que sou.

Se minha identidade é quem vai me devolvendo a memória, por me reconhecer novamente em peças deste meu quebra-cabeças. Em peças de teatro, em filmes, em música, em arte, em leitura... Ver, ouvir, ler, assistir e sentir uma conexão tão absoluta com tudo aquilo e, assim, me entregar de volta ao que já era parte de mim. Ou se é a memória que vai me devolvendo a identidade. Ao me lembrar do que eu era, do que gostava e, assim, me entregar de volta a prazeres de então. Uma escolha.

Voltar a viver coisas que sempre gostei, enquanto opção, racionalmente. Ou uma escolha inconsciente desaguando na memória do prazer.

Enquanto pessoa com vivência prática no tema, acredito, hoje, na escolha inconsciente desaguando na memória do prazer. Por que vivo isto quotidianamente. Começo a ouvir um som. Viajar naquela música, pirar. Sou posteriormente 'informada' que já curtia muito isto antes. Vejo um filme e mergulho fundo naquela linguagem. O filme me eleva, mexe muito comigo. Na sequência descubro que estava entre os meus favoritos.

E aí, a recíproca passa a ser verdadeira. Você, de certa forma, já se certificou que uma vez construída, a identidade permanece, então tem uma inclinação forte a investir em tudo que te contam que era parte de ti. Tudo o que você gostava ou que 'era você'.

Assim, estou relendo agora "A Louca da Casa" e redescobrindo porque criei este
blog com o nome do livro. Me delicio com a forma com que ela brinca com as palavras. Faz da língua seu playground particular. E me descobri detentora de um playground imenso em termos de literatura, cinema, música. Tudo que faz parte do conjunto AVA. Gostava, admirava. adorava. E eu sei que agora posso me entregar de novo.

Minha conclusão, neste caso, é que memória e identidade são parte de uma via de mão dupla. Memória atua na formação da identidade e identidade tem um papel forte na 're'constituição da memória.

roteiro cultural de casa nova

Já tradicional em meus dias, esta programação cultural hoje ganha novos ares. Passeando por novas paragens, um outro www. E ela já me confessou que está pensando em aquietar por aqui. Deve, portanto, toda sexta, se renovar nas opções que traz até vocês.

Novidades às favas, vamos então às opções semanísticas:

Para começar, CINEMA:

O DISCURSO DO REI - História do Rei George VI, retrata ironicamente a forma com que os ingleses vêm seus monarcas. Com Geoffrey Rush, muito bem avaliado. Belas Artes, Reserva Cultural e Espaço Unibanco Augusta, já me limitando aqui, por antecipação, aos espaços que frequentamos. Vários horários.

O SAMBA QUE MORA EM MIM - Doc buscando as histórias da comunidade ao redor da Mangueira. Espaço Unibanco Augusta - em pré estréia aujourd'hui.

CISNE NEGRO - Com a Natalie Portmann - aposto que com esta dica, todos vocês já localizaram por aí no inconsciente de vocês, que CISNE NEGRO é este! Em muuuitas salas e todos os horários possíveis. (Vamos lá, pesquisem... - instrucciones: CTRL N - http://www.google.com.br/ CISNE NEGRO - SP)

INVERNO DA ALMA - Muito bem recomendado e muito bem lido e isto é tudo.



TEATRO

Assurbanipal Magic Club - Personalidades das mais diversas fazem confissões e trocam impressões acerca de Troca de Casais que tomam parte. A peça é fruto de uma pesquisa realizada em clubes de swing. Satyros 1 - segunda 21 horas.

A Árvore Seca - Através da poética de cordel, peça conta a história de uma mulher do sertão nordestino que tem a vida cheia de desgraças. SESC Pinheiros - sex e sab 21 horas.

Banana Mecânica - Aborda tragédias urbanas através personagens da 'mitologia do carnaval carioca'- SATYROS 1 - Qui - 21 horas.

Concerto de Ispinho e Fulô - Grupo entrevista o poeta Patativa do Assaré e acaba criando um debate - CCSP - sex, sab e dom 20:30 e 20:00.


SHOWS

Antes de começar com shows, efetivamente, começo com uma balada que me parece ÓTEMA!!!! É um ensaio do Bloco Acadêmicos do Baixo Augusta - e vai ser no Studio SP... com discotecagem do pessoal parte do habituê studio. Tata Aeroplano, for example. e vai ser domingo, a partir das 20 horas.

Vítor Ramil - Compositor Gaúcho apresenta album em que musicou a poesia de Jorge Luís Borges, resultando em Milongas. Hoje no SESC Pompéia - 21 horas.

Yusef Lateef - lendário saxofonista, mistura jazz à música oriental. SESC Pompéia - sábado e domingo - 21 e 18 horas.

Black Rio - Não preciso falar nada da Black Rio, né gente... sei que todos conhecem e conhecem bem!!! SESC SANTANA - quarta - 21 horas

Nevilton - Rock do Paraná - SESC Vila Mariana - quinta - 20:30.

Cida Moreira - Auditório Ibirapuera - sábado 21 horas.


EXPOSIÇÕES

Instituto Tomie Ohtake - Tudo ao mesmo tempo agora: 1) expo de rótulos de cachaça; 2)cartazes publicitários de bonde; 3) Miragens - trabalho de 19 artistas contemporâneos, que cresceram em meio a referências islâmicas...

WELCOME HOME - na galeria Emma Thomas, na Barra Funda. Imagens que transmitem o sentimento de estar em casa.

748.600 - 14 artistas brasileiros abordando a relação da arte com o sistema econômico. Paço das Artes.

ISLÃ - Arte e Civilização: Expo com mais de 300 itens vindos dos museus da Síria e do Irã. Panorama da história tradicional Islâmica.

Este fim de semana, como em todos, tudo ao mesmo tempo agora em SP!!!! Por isto não arredo o pé daqui. E porque Poli são várias! ;)

desilusão

Após longo e tenebroso inverno, literalmente, aquela ânsia por entender o que não se explica ainda é parte de mim. Ainda não querendo, ou não conseguindo, crer naquilo que não se prove, mas mergulhada naquela incansável busca pelo desconhecido e inexplicável.

Aprendi hoje lendo um texto de um filósofo alemão, Pascal Mercier, que um dos pilares desta nossa fome perene, desta nossa eterna busca, seja pelo que for, pode ser um estado de permanente desilusão. Sim, porque a desilusão, relacionada a qualquer coisa, nos faz buscar esta coisa, perseguir, procurar incessantemente. Mais um fruto do eterno paradoxo da condição humana. Nada nos faz querer mais, nos move mais em determinada direção que a impressão de que 'aquilo' está fora de nossa alcance. A possível desilusão nos arranca e nos move. "O Bálsamo da Desilusão".

Como não tenho as respostas todas, sigo buscando. E querendo mais. Sempre. Aprendi que o querer é a base de meu crescer. Enquanto pessoa, e também, e principalmente, enquanto paciente pós trauma.

E qual é o limite? Ainda não me foi apresentado.

Além de respostas inúmeras e inquestionáveis às minhas recentes buscas físicas e mentais, fui presenteada com um novo ângulo de 'mirada', um novo olhar. Hoje, considero que tenho uma percepção diversa sobre tudo. Ganhei um ângulo adicional de observação, uma variável extra em minhas avaliações e considerações. Diferente. Uma avaliação distinta de tudo e de qualquer coisa. As pessoas, as relações, os valores ganharam um outro peso em meu peito e um outro ângulo em meu olhar.

E, por hora, cresce meu fôlego dentro desta permanente 'desilusão', desta incansável busca por mais. Mais tudo. Porque "alguém que realmente quer conhecer a si próprio deveria ser um colecionador obcecado e fanático de desilusões", como cita o professor Pascal Mercier em seu "Trem Noturno para Lisboa". E não há nada que me mova mais neste momento que a possibilidade de conhecer os novos contornos sobre mim mesma.